RINOPLASTIA SECUNDÁRIA: É POSSÍVEL CONSERTAR NARIZES OPERADOS ANTERIORMENTE?

Insatisfação do paciente, defeitos estéticos ou funcionais decorrentes de uma primeira intervenção cirúrgica podem ser corrigidos com uma nova cirurgia plástica no nariz

A busca do nariz desejado pode, muitas vezes, necessitar da realização de uma segunda cirurgia, que é definida como rinoplastia secundária e tem como objetivo corrigir defeitos estéticos e/ou funcionais que resultaram de uma intervenção prévia. A decisão por uma nova cirurgia depende do grau de insatisfação do paciente com o resultado e, principalmente, se os tecidos locais permitem um conserto satisfatório. Embora seja possível corrigir a maioria dos problemas em uma nova cirurgia, alguns pacientes apresentam condições, especialmente em relação à pele e a mucosa interna do nariz, que tornam a situação inoperável. Por isso, é preciso procurar um especialista neste tipo de procedimento, para que a situação não fique ainda mais complicada.   

De acordo com o cirurgião plástico Dr. Alan Landecker (CRM 87043), membro da International Society of Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS), ao abordar a rinoplastia secundária, devemos lembrar que nenhum ser humano possui um nariz perfeito e que a cirurgia subseqüente é sempre mais difícil do que as anteriores. “O nariz pode ficar com uma aparência pior se a técnica correta não for utilizada e/ou o corpo responder de uma forma imprevisível. Portanto, é fundamental que o paciente realize a cirurgia somente com um especialista em rinoplastia secundária, de preferência que domine a técnica estruturada”, esclarece Dr. Alan.

Na rinoplastia estruturada, a filosofia e sistematização operatória são diferentes. O objetivo é o de visualizar o esqueleto do nariz completamente, utilizando a abordagem aberta. O cirurgião esculpe as cartilagens e ossos de forma conservadora, precisa e simétrica, melhora a parte respiratória, tratando desvios de septo ou hipertrofia de cornetos simultaneamente à parte estética, e fortalece o esqueleto nasal remanescente. Isso é feito usando enxertos de cartilagem (retirada do septo, costela ou orelhas) na forma de vigas de sustentação invisíveis. Além disso, pontos de fixação são utilizados para reconstruir os ligamentos interrompidos durante a cirurgia. O resultado é uma estrutura nasal esculpida e fortalecida, que tem menos chance de ser distorcida pelo tecido de cicatrização e pelas forças respiratórias.

Planejamento Cirúrgico

Na rinoplastia secundária, o objetivo deve ser a produção de um nariz “individualizado”, que combine naturalmente com a face e a etnia do paciente. Pensando nisso, antes da cirurgia, o Dr. Alan Landecker realiza estudos matemáticos detalhados das proporções do nariz em relação à face de cada paciente e cria o planejamento cirúrgico baseado nestes resultados e no senso estético. “Este novo sistema de análise e planejamento foi desenvolvido utilizando-se modelos fotográficos como referência e evita a produção do “mesmo nariz para todos”, uma queixa antiga em pacientes submetidos a esta cirurgia pela técnica tradicional”, alerta o especialista.

Atualmente, a simulação computadorizada é usada para mostrar ao paciente o que deve ser corrigido e como isso pode ser feito. Por questões de ética, o paciente deve ser informado de que esta ferramenta é apenas educativa e que não constitui uma promessa em relação ao resultado. “Os desenhos aprovados pelo paciente são levados à sala de cirurgia e servem apenas como referência para o cirurgião realizar a rinoplastia estruturada. Este sistema estabelece uma boa sintonia entre o cirurgião e o paciente, fator fundamental para que as expectativas sejam atingidas, oferece resultados cada vez mais naturais e minimiza a chance de insatisfação estética após a rinoplastia secundária”, afirma o médico.

Alguns motivos que podem contribuir para o insucesso da rinoplastia, indicando a realização de uma rinoplastia secundária:

  • Pacientes com características desfavoráveis (ex. pele muito grossa, pele fibrótica devido a cirurgias prévias/preenchimentos, pele aderida ao esqueleto nasal, forro nasal insuficiente, grandes perfurações septais, etc);
  • Inabilidade de entrar em sintonia com o médico em relação às queixas, expectativas e quanto ao resultado efetivamente possível em cada caso;
  • Expectativas não realistas por parte do paciente;
  • Inabilidade por parte do médico de diagnosticar os problemas funcionais e/ou estéticos do nariz do paciente;
  • Má execução técnica da cirurgia, que pode envolver, inclusive, a escultura imprecisa ou assimétrica das cartilagens da ponta do nariz;
  • Colocação errada do curativo;
  • Trauma sobre o nariz após a cirurgia;
  • O paciente não seguir as recomendações de cuidados do pós-operatório;
  • Resposta imprevisível do paciente, especialmente em relação à produção de tecido de cicatrização (fibrose) e ao processo de cicatrização;

Ação das forças respiratórias sobre o esqueleto do nariz.

  • Formação de uma ou mais dobras de cartilagem, causada(s) pela contração do tecido de cicatrização que sempre se forma após a cirurgia.
  • Desalinhamento das cartilagens da ponta, fazendo com que uma parte da cartilagem se insinue contra a pele e seja visível e/ou palpável.
  • Afinamento da pele ao longo dos anos após a cirurgia, levando à visibilidade de irregularidades e/ou dos contornos das cartilagens. Este fenômeno se chama esqueletização.

Para o médico, a rinoplastia secundária é um desafio. E não somente devido à dificuldade técnica da cirurgia, mas também pela situação emocional do paciente que, quando procura a segunda cirurgia, demonstra emoções de frustração, depressão e, ocasionalmente, raiva em relação ao resultado da primeira intervenção. ”Os pacientes que procuram a rinoplastia, seja a primária ou a secundária, devem entender que não existe nariz perfeito. A perfeição em rinoplastia pode até ser atingida, mas é pouco provável, pois trata-se de uma cirurgia muito difícil e cujas forças pós-operatórias, como o tecido de cicatrização, não estão sob o controle do cirurgião. O grande inimigo desta cirurgia é a fibrose que se forma após a rinoplastia e que tende a puxar as cartilagens e/ou gerar deformidades de contorno. Por isso, é muito importante que o médico saiba utilizar as técnicas corretas de rinoplastia estruturada para tentar evitar o efeito deletério desta fibrose. Mas mesmo assim há risco do resultado ser desfavorável, se o corpo responder de uma forma inesperada”, finaliza do médico.

Perfil

Dr. Alan Landecker, formado em Medicina e Cirurgia Geral pela Universidade de São Paulo, iniciou sua formação em Cirurgia Plástica com o Professor Ivo Pitanguy, com quem trabalhou durante três anos. Tornou-se Membro Titular e Especialista em Cirurgia Plástica pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e, também membro da prestigiada International Society of Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS). Realizou pós-graduação/especialização clínico-cirúrgicas nas Universidades de Miami, Alabama, Pittsburgh, New York e Texas Southwestern, um dos mais importantes centros de formação em cirurgia plástica dos Estados Unidos, o que permitiu desenvolver estudos que foram apresentados em eventos científicos e publicados em revistas internacionais especializadas.

Após alguns anos de prática no Brasil, Dr. Alan Landecker voltou aos Estados Unidos a convite do Dr. Jack P. Gunter, um dos criadores da técnica de Rinoplastia Estruturada. Tornou-se então, especialista em cirurgia plástica de nariz pela University of Texas Southwestern, tendo sido por muitos anos instrutor do prestigiado Dallas Rhinoplasty Symposium (curso teórico-prático em cirurgia de nariz, realizado anualmente em Dallas, Texas – EUA), além de ser autor de vários capítulos do livro Dallas Rhinoplasty: Nasal Surgery by the Masters, best seller mundial sobre cirurgia de nariz, atualmente. Desde setembro de 2010, passou a integrar a equipe de colaboradores do Plastic Surgery Education Network (PSEN), um novo website educacional criado pela American Society of Plastic Surgeons (ASPS), uma das mais importantes entidades de cirurgia plástica do mundo.